
09.12.2025
Natal em Coro, a tradição que regressa
13–14 dezembro 2025
O Natal sempre foi tempo de encontro: entre famílias, entre comunidades, entre tradições antigas e emoções que se renovam a cada ano. Mas há um encontro que permanece particularmente vivo — o encontro através da música. Desde a Idade Média que o canto colectivo acompanha o ciclo natalício, primeiro sob a forma de cantos populares entoados porta a porta, mais tarde transformados em hinos que atravessaram portas e fronteiras, muralhas e palácios. É nesta continuidade histórica, onde o afeto e a memória se entrelaçam, que se inscreve As Vozes do Natal, o concerto com a Orquestra do Algarve e o Coro Comunitário da AMA.
Muito mais do que um grande agrupamento vocal, o Coro Comunitário da AMA é um espaço de pertença. Reúne pessoas de diferentes idades, nacionalidades, profissões e histórias de vida, unidas por um desejo comum: cantar. São professores, estudantes, reformados, profissionais de áreas tão diversas quanto a saúde, a educação, a hotelaria, as finanças, a construção e as artes. Alguns professores de música, muitos não têm formação musical formal, todos reencontram aqui um sonho antigo. Juntos contribuem com a autenticidade das suas vozes e com a energia de quem acredita que a música é um lugar onde todos cabem.
O Coro é preparado pelo seu director musical, o barítono Rui Baeta, cuja experiência artística e sensibilidade pedagógica têm sido essenciais para moldar a identidade do grupo. Cada ensaio torna-se um espaço de descoberta, confiança e construção colectiva, permitindo que estas vozes diversas se transformem num organismo sonoro coerente e vibrante.
O programa abre com Dezembro, de As Estações de Tchaikovsky, um retrato poético do inverno, onde a melodia fluida e a delicadeza da escrita evocam a serenidade e o brilho desta época fria, mas luminosa.
Segue-se Zadok the Priest, de Georg Friedrich Haendel, obra composta para a coroação de Jorge II em 1727 e que desde então integra todas as coroações da monarquia britânica. A sua introdução instrumental, lenta e luminosa, prepara uma das entradas corais mais célebres da história da música. O impacto súbito e poderoso do coro tornou-se tão marcante que inspirou, séculos mais tarde, o hino da Liga dos Campeões da UEFA, cuja estrutura e grandiosidade ecoam claramente o modelo criado por Haendel.
Prossegue-se o programa com dois hinos profundamente enraizados na tradição natalícia anglo-saxónica: Hark! The Herald Angels Sing e The First Nowel. São melodias que atravessaram gerações e geografias, permanecendo como símbolos de partilha e celebração comunitária, perfeitas para serem entoadas por grandes grupos — tal como acontece neste concerto.
Entre estes momentos corais, a Orquestra do Algarve assume o seu espaço sinfónico. O terceiro andamento da Sinfonia n.º 2 de Brahms oferece um momento de serenidade pastoral e equilíbrio, enquanto o segundo andamento da Sinfonia n.º 1 de Schumann acrescenta introspecção e profundidade, reforçando o carácter contemplativo da época.
Retomando a tradição coral, destaca-se o emblemático Adeste Fideles, hino cuja autoria é tradicionalmente atribuída a John Francis Wade, copista e músico do século XVIII. Ao longo do tempo, surgiram outras hipóteses. Conhecido na altura por Portuguese Chapel Hymne, deu origem à associação, hoje considerada improvável mas culturalmente persistente e mitificada, a D. João IV de Portugal, o “Rei Músico”. Sabe-se hoje que este equívoco histórico deriva do facto de, na Londres setecentista, ser o coro da Embaixada Portuguesa aquele que mais se destacava na interpretação deste cântico, o que contribuiu para a associação entre a obra e Portugal. “Não temos os créditos da autoria, mas teremos o da melhor interpretação” diz-nos, com humor, um célebre académico investigador. Independentemente da sua origem exacta, este hino tornou-se património universal, entoado por comunidades de todos os continentes e símbolo maior do Natal.
O percurso emocional aproxima-se do seu ápice com Noite Feliz (Stille Nacht), talvez a mais conhecida de todas as melodias natalícias, cuja simplicidade e intimismo a tornam num dos momentos mais tocantes de qualquer celebração. Aqui, interpretada por um coro plurinacional, ganha uma dimensão particularmente sentimental e tocante.
O concerto encerra com o monumental Hallelujah, também de Haendel — uma obra que, pela sua energia jubilatória e pela força unificadora do colectivo, se tornou um emblema absoluto da música coral. É o momento em que o palco se transforma num só corpo sonoro, e o público partilha, quase fisicamente, o impulso festivo da música.
Sob a direção de Pablo Urbina, As Vozes do Natal é mais do que um programa festivo: é uma celebração da comunhão artística. Reúne profissionais, amadores, tradição, simbologia e emoção, lembrando-nos que, apesar dos séculos, o verdadeiro sentido do Natal continua a caber numa só palavra — partilha; partilha essa que se faz a cantar e a ouvir, entre uns e outros, entre todos.
Enquanto o concerto As Vozes do Natal celebra a comunhão artística, decorre em paralelo a campanha Coro ao Alto, que procura angariar fundos para a aquisição de estrados destinados ao Coro Comunitário da AMA. Cada contributo é um passo para dar melhores condições a este coletivo e permitir que todas as vozes se elevem com nitidez e pujante sensibilidade. Apoiar esta campanha é investir na música como espaço de encontro e retribuição — participe, contribua e ajude-nos a levar o coro ainda mais alto!
Dê voz ao Natal - contribua com o seu donativo aqui!
09.12.2025
Natal em Coro, a tradição que regressa
13–14 dezembro 2025
O Natal sempre foi tempo de encontro: entre famílias, entre comunidades, entre tradições antigas e emoções que se renovam a cada ano. Mas há um encontro que permanece particularmente vivo — o encontro através da música. Desde a Idade Média que o canto colectivo acompanha o ciclo natalício, primeiro sob a forma de cantos populares entoados porta a porta, mais tarde transformados em hinos que atravessaram portas e fronteiras, muralhas e palácios. É nesta continuidade histórica, onde o afeto e a memória se entrelaçam, que se inscreve As Vozes do Natal, o concerto com a Orquestra do Algarve e o Coro Comunitário da AMA.
Muito mais do que um grande agrupamento vocal, o Coro Comunitário da AMA é um espaço de pertença. Reúne pessoas de diferentes idades, nacionalidades, profissões e histórias de vida, unidas por um desejo comum: cantar. São professores, estudantes, reformados, profissionais de áreas tão diversas quanto a saúde, a educação, a hotelaria, as finanças, a construção e as artes. Alguns professores de música, muitos não têm formação musical formal, todos reencontram aqui um sonho antigo. Juntos contribuem com a autenticidade das suas vozes e com a energia de quem acredita que a música é um lugar onde todos cabem.
O Coro é preparado pelo seu director musical, o barítono Rui Baeta, cuja experiência artística e sensibilidade pedagógica têm sido essenciais para moldar a identidade do grupo. Cada ensaio torna-se um espaço de descoberta, confiança e construção colectiva, permitindo que estas vozes diversas se transformem num organismo sonoro coerente e vibrante.
O programa abre com Dezembro, de As Estações de Tchaikovsky, um retrato poético do inverno, onde a melodia fluida e a delicadeza da escrita evocam a serenidade e o brilho desta época fria, mas luminosa.
Segue-se Zadok the Priest, de Georg Friedrich Haendel, obra composta para a coroação de Jorge II em 1727 e que desde então integra todas as coroações da monarquia britânica. A sua introdução instrumental, lenta e luminosa, prepara uma das entradas corais mais célebres da história da música. O impacto súbito e poderoso do coro tornou-se tão marcante que inspirou, séculos mais tarde, o hino da Liga dos Campeões da UEFA, cuja estrutura e grandiosidade ecoam claramente o modelo criado por Haendel.
Prossegue-se o programa com dois hinos profundamente enraizados na tradição natalícia anglo-saxónica: Hark! The Herald Angels Sing e The First Nowel. São melodias que atravessaram gerações e geografias, permanecendo como símbolos de partilha e celebração comunitária, perfeitas para serem entoadas por grandes grupos — tal como acontece neste concerto.
Entre estes momentos corais, a Orquestra do Algarve assume o seu espaço sinfónico. O terceiro andamento da Sinfonia n.º 2 de Brahms oferece um momento de serenidade pastoral e equilíbrio, enquanto o segundo andamento da Sinfonia n.º 1 de Schumann acrescenta introspecção e profundidade, reforçando o carácter contemplativo da época.
Retomando a tradição coral, destaca-se o emblemático Adeste Fideles, hino cuja autoria é tradicionalmente atribuída a John Francis Wade, copista e músico do século XVIII. Ao longo do tempo, surgiram outras hipóteses. Conhecido na altura por Portuguese Chapel Hymne, deu origem à associação, hoje considerada improvável mas culturalmente persistente e mitificada, a D. João IV de Portugal, o “Rei Músico”. Sabe-se hoje que este equívoco histórico deriva do facto de, na Londres setecentista, ser o coro da Embaixada Portuguesa aquele que mais se destacava na interpretação deste cântico, o que contribuiu para a associação entre a obra e Portugal. “Não temos os créditos da autoria, mas teremos o da melhor interpretação” diz-nos, com humor, um célebre académico investigador. Independentemente da sua origem exacta, este hino tornou-se património universal, entoado por comunidades de todos os continentes e símbolo maior do Natal.
O percurso emocional aproxima-se do seu ápice com Noite Feliz (Stille Nacht), talvez a mais conhecida de todas as melodias natalícias, cuja simplicidade e intimismo a tornam num dos momentos mais tocantes de qualquer celebração. Aqui, interpretada por um coro plurinacional, ganha uma dimensão particularmente sentimental e tocante.
O concerto encerra com o monumental Hallelujah, também de Haendel — uma obra que, pela sua energia jubilatória e pela força unificadora do colectivo, se tornou um emblema absoluto da música coral. É o momento em que o palco se transforma num só corpo sonoro, e o público partilha, quase fisicamente, o impulso festivo da música.
Sob a direção de Pablo Urbina, As Vozes do Natal é mais do que um programa festivo: é uma celebração da comunhão artística. Reúne profissionais, amadores, tradição, simbologia e emoção, lembrando-nos que, apesar dos séculos, o verdadeiro sentido do Natal continua a caber numa só palavra — partilha; partilha essa que se faz a cantar e a ouvir, entre uns e outros, entre todos.
Enquanto o concerto As Vozes do Natal celebra a comunhão artística, decorre em paralelo a campanha Coro ao Alto, que procura angariar fundos para a aquisição de estrados destinados ao Coro Comunitário da AMA. Cada contributo é um passo para dar melhores condições a este coletivo e permitir que todas as vozes se elevem com nitidez e pujante sensibilidade. Apoiar esta campanha é investir na música como espaço de encontro e retribuição — participe, contribua e ajude-nos a levar o coro ainda mais alto!
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